Pelo menos 310 pessoas perderam a vida e 1.255 ficaram feridas desde o início da atual época chuvosa em Moçambique, que se intensificou com a passagem de três ciclones devastadores, conforme anunciou hoje o Governo. O porta-voz do Conselho de Ministros, Inocêncio Impissa, revelou que aproximadamente 1,9 milhões de cidadãos foram afetados, destacando que a situação é alarmante, com um total de 1.838.235 pessoas impactadas por esta calamidade.
A época chuvosa, que se estende de outubro a abril, tem sido marcada por eventos climáticos extremos, incluindo o ciclone Chido, que atingiu o país em 14 de dezembro, seguido pelos ciclones Dikeledi e Jude, que ocorreram em janeiro e março, respetivamente. O ciclone Jude, o mais recente, causou a morte de pelo menos 43 pessoas, com a maioria das vítimas a serem registadas na província de Nampula. Além disso, as províncias de Tete, Manica, Zambézia, Niassa e Cabo Delgado também foram severamente afetadas.
O Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD) atualizou os números e indicou que cerca de 384.877 pessoas estão em situação de vulnerabilidade. Em resposta a esta crise, as Nações Unidas manifestaram a intenção de apoiar o Governo moçambicano na implementação de tecnologias geoespaciais, que são cruciais para mitigar os impactos de desastres naturais. Catherine Sozi, coordenadora residente das Nações Unidas em Moçambique, enfatizou a necessidade de um compromisso financeiro por parte do Governo para integrar estas tecnologias no Orçamento do Estado.
Moçambique, um dos países mais afetados pelas alterações climáticas, enfrenta anualmente a ameaça de cheias e ciclones tropicais, além de períodos prolongados de seca severa. A situação é ainda mais complicada por ataques violentos atribuídos a grupos paramilitares, como o Naparama, que têm proliferado na província de Cabo Delgado. Hoje, cinco pessoas foram mortas em um ataque na localidade de Ntotué, no distrito de Mocímboa da Praia. Fontes locais relataram que o ataque ocorreu nas primeiras horas do dia, quando o grupo disparou contra civis, levando à fuga de muitos habitantes.
Após o ataque, uma força da Unidade de Intervenção Rápida foi mobilizada para a área, resultando em confrontos com os atacantes. Os Naparamas, que surgiram durante a guerra civil na década de 1980, são conhecidos por suas táticas de autodefesa e rituais de iniciação que, segundo acreditam, conferem proteção sobrenatural aos seus membros. O Presidente de Moçambique, Daniel Chapo, tem solicitado esforços intensificados para combater a violência perpetrada por este grupo, que tem sido uma constante ameaça à segurança e ao desenvolvimento da região.
Enquanto o Governo afirma estar a fazer progressos no combate ao terrorismo em Cabo Delgado, a realidade no terreno sugere uma escalada de ataques, resultando em um número crescente de mortes e deslocados. A situação continua a ser monitorada de perto, à medida que as comunidades lutam para se recuperar dos efeitos devastadores tanto das catástrofes naturais quanto da violência armada.
Resumo
A época das chuvas em Moçambique, que se intensificou com a passagem de três ciclones, resultou na morte de pelo menos 310 pessoas e deixou 1.255 feridas, conforme anunciado pelo Governo. O porta-voz do Conselho de Ministros, Inocêncio Impissa, informou que cerca de 1,9 milhões de cidadãos foram afetados, com 1.838.235 pessoas impactadas pela calamidade. O ciclone Jude, o mais recente, causou 43 mortes, principalmente na província de Nampula. O Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD) revelou que 384.877 pessoas estão em situação de vulnerabilidade. As Nações Unidas manifestaram apoio ao Governo moçambicano para implementar tecnologias geoespaciais, essenciais para mitigar os impactos de desastres naturais. Além disso, a situação é agravada por ataques de grupos paramilitares, como os Naparamas, que resultaram em mais mortes e deslocados. O Presidente Daniel Chapo pediu esforços intensificados para combater a violência, enquanto a realidade no terreno indica uma escalada dos ataques, complicando a recuperação das comunidades afetadas.