EUA pedem encerramento gradual da missão da ONU no Kosovo

Os EUA solicitam ao Conselho de Segurança da ONU a reavaliação da missão Unmik no Kosovo, destacando a necessidade de transição.

há 1 dia
EUA pedem encerramento gradual da missão da ONU no Kosovo

© Thierry Monasse/Getty Images

Resumo

Os Estados Unidos solicitaram ao Conselho de Segurança da ONU o encerramento gradual da Missão da ONU no Kosovo (Unmik), argumentando que a missão já não desempenha um papel significativo na governação do país e que a maior parte do seu orçamento é destinada a salários. O representante dos EUA, John Kelley, pediu uma reavaliação do mandato da Unmik, que opera sem 'capacetes azuis' e conta atualmente com 305 funcionários civis e 18 militares. A ministra dos Negócios Estrangeiros do Kosovo, Donika Gervalla-Schwarz, criticou a missão, alegando que prejudica a credibilidade da ONU e distorce a realidade no Kosovo. Enquanto isso, a chefe da Missão da ONU, Caroline Ziadeh, destacou os avanços na representação feminina na Assembleia do Kosovo, resultantes das recentes eleições. As tensões entre o Kosovo e a Sérvia continuam, com acusações mútuas sobre a legitimidade do processo eleitoral. Em paralelo, a chefe da diplomacia europeia, Kaja Kallas, alertou sobre a integridade territorial da Bósnia-Herzegovina, enfatizando que a UE não aceitará ameaças à sua estabilidade.

Os Estados Unidos solicitaram hoje ao Conselho de Segurança da ONU que considere o encerramento da Missão da ONU no Kosovo (Unmik), uma das duas únicas missões de paz da organização na Europa, ao lado da do Chipre. Durante o primeiro 'briefing' do ano sobre a situação no Kosovo, o representante dos EUA, John Kelley, argumentou que chegou o momento de transferir as funções da Unmik para outras agências da ONU mais adequadas, defendendo que o processo de encerramento deve ser gradual e deliberado. Kelley destacou que a Unmik, que opera sem 'capacetes azuis', destina 81% do seu orçamento a salários, apesar de ter ultrapassado o seu mandato original.

Os EUA apelaram aos outros 14 membros do Conselho de Segurança para que reavaliem o mandato da missão no Kosovo, afirmando que "já passou da hora de começar esta transição". Kelley sublinhou que a Unmik não desempenha mais um papel na governação do Kosovo e que a missão está sobrecarregada de recursos e pessoal. Criada em 1999, a Unmik sobreviveu à declaração de independência do Kosovo em 2008 e à sua integração gradual na comunidade internacional. Atualmente, a missão conta com 305 funcionários civis e 18 militares.

Enquanto o Conselho de Segurança delibera sobre o futuro da Unmik, os EUA solicitaram que as próximas reuniões sobre a missão sejam realizadas à porta fechada, argumentando que isso promoveria discussões mais sinceras. A reunião de hoje também foi marcada por críticas da ministra dos Negócios Estrangeiros do Kosovo, Donika Gervalla-Schwarz, que acusou a Unmik de prejudicar a credibilidade das Nações Unidas ao impedir uma avaliação realista da situação no país. Gervalla-Schwarz enfatizou que a presença contínua da Unmik não justifica mais a sua continuidade, enquanto a vice-primeira-ministra kosovar acusou a missão de distorcer fatos e de se alinhar à "propaganda sérvia".

As relações entre o Kosovo e a Sérvia, que nunca reconheceu a independência do Kosovo, permanecem tensas, com tentativas de normalização frequentemente falhando. O sucesso nas negociações é visto como crucial para que ambos os países possam avançar na sua adesão à União Europeia.

Em outro desenvolvimento, a chefe da diplomacia europeia, Kaja Kallas, alertou em Sarajevo que a União Europeia não aceitará ameaças à integridade territorial da Bósnia-Herzegovina. A situação no país, marcada por ações secessionistas do líder sérvio Milorad Dodik, está a gerar preocupações sobre a estabilidade regional. Kallas sublinhou que qualquer tentativa de divisão do país é inaceitável, enquanto a Bósnia continua a ser candidata à adesão à UE, embora a situação política atual esteja a dificultar a adoção das leis necessárias para abrir negociações.

A chefe da Missão da ONU no Kosovo, Caroline Ziadeh, elogiou os avanços na representação feminina nas recentes eleições, que resultaram em um aumento da presença das mulheres na Assembleia do Kosovo. Apesar das complicações técnicas durante a contagem dos votos, Ziadeh expressou esperança na formação de um novo governo que priorize o bem-estar do povo e avance nas negociações com a Sérvia, que são essenciais para a adesão à UE.

As tensões entre o Kosovo e a Sérvia foram novamente evidentes durante a reunião do Conselho de Segurança, com acusações mútuas sobre a legitimidade do processo eleitoral no Kosovo. O ministro das Relações Exteriores da Sérvia, Marko Djuric, criticou as eleições, enquanto Gervalla-Schwarz defendeu que o Kosovo é um exemplo de democracia florescente, apesar das tentativas da Sérvia de desestabilizar a região.