A situação das listas de espera para consultas de oncologia em Portugal continua a ser alarmante, com dados recentes da Entidade Reguladora da Saúde (ERS) a revelarem que quase 80% dos doentes oncológicos ultrapassaram os prazos legais para a realização da primeira consulta no segundo semestre de 2024. No final do ano, 8.616 utentes aguardavam por uma consulta, um número que, apesar de ser inferior ao do ano anterior, ainda representa um desafio significativo para o sistema de saúde.
Os prazos legais estabelecem que os casos muito prioritários devem ser atendidos em até sete dias, os prioritários em 15 dias e os restantes em 30 dias. Contudo, o relatório da ERS indica que 78,6% dos doentes estavam em espera há mais tempo do que o permitido, embora tenha havido uma ligeira melhoria de 2,9 pontos percentuais em relação a dezembro de 2023. A situação é ainda mais crítica para os doentes classificados como muito prioritários, que viram um aumento na taxa de incumprimento.
Durante o segundo semestre de 2024, foram realizadas 20.414 primeiras consultas oncológicas, das quais 61,8% não respeitaram os Tempos Máximos de Resposta Garantidos (TMRG). A ERS sublinha que 88,9% dessas consultas foram registadas no sistema RSE-SIGA, que ainda não está implementado em todas as unidades do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Em termos de cirurgias oncológicas, o cenário apresenta um aumento significativo, com 36.074 intervenções realizadas, 99,4% das quais no SNS. Este aumento de 21% em comparação com o ano anterior é atribuído ao crescimento da atividade nos hospitais públicos e protocolados, enquanto a atividade nos hospitais de destino caiu 28,7%.
No que diz respeito a outras especialidades hospitalares, foram realizadas 653.053 primeiras consultas, um aumento de 10,9%, mas ainda assim 53,1% dessas consultas ultrapassaram os prazos legais. No final de 2024, 902.814 utentes aguardavam pela primeira consulta, com 55,3% a esperar além do tempo máximo permitido.
Na área da cardiologia, o cenário também é preocupante, com 190.607 utentes em lista de espera para cirurgia, um aumento de 2,6%. Apesar de um aumento de 9,5% nas cirurgias cardíacas realizadas no SNS, 14,8% dos utentes aguardavam mais do que os TMRG.
Os hospitais privados também enfrentam desafios, com um aumento de 1,4% nas primeiras consultas, totalizando 34.019, mas com 27,8% dessas consultas a ultrapassarem os prazos legais. No final do ano, 23.862 utentes aguardavam por uma consulta em unidades privadas, dos quais 45,8% estavam além dos TMRG.
Estes dados revelam a necessidade urgente de melhorias no sistema de saúde, especialmente no que diz respeito ao atendimento oncológico e cardiológico, áreas que continuam a ser afetadas por longas listas de espera e incumprimento dos prazos legais. A ERS e as autoridades de saúde devem intensificar esforços para garantir que todos os utentes recebam o atendimento necessário dentro dos prazos estabelecidos, assegurando assim uma melhor qualidade de vida para os doentes.
Resumo
A situação das listas de espera para consultas de oncologia em Portugal é alarmante, com dados da Entidade Reguladora da Saúde (ERS) a indicar que quase 80% dos doentes oncológicos não cumpriram os prazos legais para a primeira consulta no segundo semestre de 2024. Apesar de uma ligeira melhoria em relação ao ano anterior, 8.616 utentes aguardavam por uma consulta, com 61,8% das 20.414 primeiras consultas realizadas a não respeitarem os Tempos Máximos de Resposta Garantidos (TMRG). A situação é crítica para os casos muito prioritários, que registaram um aumento na taxa de incumprimento. Em contraste, o número de cirurgias oncológicas aumentou 21% em relação ao ano anterior, com 36.074 intervenções realizadas, 99,4% no Serviço Nacional de Saúde (SNS). No entanto, outras especialidades também enfrentam desafios, com 53,1% das 653.053 primeiras consultas a ultrapassarem os prazos legais. A cardiologia apresenta um cenário preocupante, com 190.607 utentes em lista de espera para cirurgia. Estes dados evidenciam a necessidade urgente de melhorias no sistema de saúde, especialmente nas áreas oncológica e cardiológica, para garantir um atendimento adequado e dentro dos prazos estabelecidos.