Governo português intensifica diálogo sobre tarifas comerciais

Portugal dialoga com setores exportadores sobre tarifas dos EUA e UE.

há 1 dia
Governo português intensifica diálogo sobre tarifas comerciais

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Resumo

O Governo português está a intensificar o diálogo com os setores económicos que exportam para os Estados Unidos, face às novas tarifas anunciadas pelo presidente Donald Trump, que podem impactar significativamente as operações das empresas. Os EUA são o quarto maior destino das exportações nacionais, tornando a situação crítica para os empresários. A administração Trump impôs uma taxa de 104% sobre importações da China, enquanto a União Europeia está a preparar uma tarifa de 25% sobre produtos americanos, como resposta às tarifas de 20% que Trump aplicou a bens europeus. A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, propõe uma tarifa zero para proteger as economias ocidentais. Em Angola, novas restrições às importações de carne foram criticadas pelos EUA, afetando os agricultores americanos. Em Portugal, a Associação Empresarial de Portugal (AEP) pediu uma redução da carga fiscal para aumentar a competitividade, enquanto as empresas já sentem os efeitos das tarifas, prevendo uma redução da faturação entre 20% e 35%. A guerra comercial entre os EUA e a China está a provocar incertezas nos mercados globais, com o secretário-geral da ONU, António Guterres, a alertar para as consequências negativas para os países em desenvolvimento.

O Governo português está a intensificar o diálogo com os setores económicos que mais exportam para os Estados Unidos, na expectativa de que as novas tarifas anunciadas pelo presidente Donald Trump venham a impactar significativamente as suas operações. Os Estados Unidos ocupam o quarto lugar entre os principais destinos das exportações nacionais, o que torna a situação ainda mais crítica para os empresários que dependem desse mercado.

A administração Trump anunciou recentemente a aplicação de uma taxa de 104% sobre as importações provenientes da China, enquanto a União Europeia se prepara para votar uma tarifa de 25% sobre diversos produtos americanos, incluindo aço e alumínio. Esta medida europeia surge como resposta às tarifas de 20% que Trump impôs a bens europeus, acentuando a tensão nas relações comerciais transatlânticas. A primeira fase das tarifas europeias deverá ser votada esta quarta-feira e, se aprovada, entrará em vigor na próxima semana, afetando mais de 21 mil milhões de euros em exportações norte-americanas para a Europa.

A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, também se prepara para discutir a possibilidade de uma tarifa zero com Trump numa reunião agendada para abril. Meloni defende que a eliminação das tarifas recíprocas é essencial para proteger as economias ocidentais, que estão interligadas. A líder italiana expressou preocupação com o impacto das tarifas nas indústrias estratégicas, como a automóvel e a agrícola, e alertou que as políticas protecionistas podem prejudicar tanto a Europa quanto os Estados Unidos.

No contexto africano, Angola foi alvo de críticas por parte do Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR), que classificou as novas restrições às importações de carne como "práticas comerciais desleais". Angola anunciou que restringirá as licenças de importação de carne bovina, suína e de aves a partir de 2025, o que poderá afetar significativamente os agricultores e criadores de gado americanos, dado que Angola é um dos principais mercados para as exportações de aves dos EUA.

Em Portugal, a Associação Empresarial de Portugal (AEP) pediu ao Governo uma redução da carga fiscal para melhorar a competitividade das empresas nacionais. O presidente da AEP, Luís Miguel Ribeiro, destacou a necessidade de um apoio reforçado à internacionalização e às exportações, além de um financiamento adequado para mitigar os efeitos das novas tarifas. O ministro da Economia, Pedro Reis, garantiu que a estratégia da União Europeia será sempre negociar e não retaliar, enquanto o Governo português está a elaborar um plano robusto para apoiar os setores mais afetados.

As empresas portuguesas já começam a sentir os efeitos das tarifas, com muitas a preverem uma redução da faturação entre 20% e 35% nos próximos meses. A AIP indicou que a maioria das empresas associadas está a experienciar uma diminuição da procura, com cancelamentos e suspensões de encomendas. A situação é preocupante, especialmente para os setores têxtil, cerâmica e metalomecânica, que estão entre os mais expostos às novas tarifas.

A guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, que se intensificou com as novas tarifas, está a provocar um impacto significativo nos mercados globais. O secretário-geral da ONU, António Guterres, expressou a sua preocupação com as consequências que esta situação poderá ter nos países em desenvolvimento, alertando que as guerras comerciais tendem a prejudicar todos os envolvidos. A escalada das tarifas e as retaliações entre as duas maiores economias do mundo estão a criar um clima de incerteza que poderá afetar o comércio global e a economia mundial como um todo.