A coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, criticou duramente o programa eleitoral do Partido Socialista (PS) durante uma conferência de imprensa realizada na sede nacional do partido, em Lisboa, este domingo. Mortágua afirmou que as propostas apresentadas pelo PS não são eficazes para resolver a crise da habitação em Portugal, destacando que não há medidas concretas para baixar o preço das casas. Segundo a líder bloquista, a abordagem do PS continua a ser centrada em benefícios fiscais, uma estratégia que, segundo ela, já demonstrou ser "irrelevante, inconsequente, inútil e ineficaz".
Mortágua sublinhou que, apesar de o PS insistir nas mesmas propostas que têm perpetuado a crise habitacional, estas só poderão ter um impacto positivo a longo prazo, possivelmente em duas décadas, enquanto a população continua a enfrentar dificuldades imediatas. A coordenadora do BE apresentou, por sua vez, seis medidas que farão parte do programa eleitoral do partido, com o objetivo de mitigar a crise da habitação. Entre estas, destaca-se a simplificação da lei do arrendamento, a concessão de mais poder aos inquilinos para denunciarem contratos ilegais, e uma moratória à construção de novos hotéis.
A crise da habitação, segundo Mortágua, tem gerado um aumento das desigualdades sociais, criando "novos pobres" e "novos milionários". Ela alertou que, nos últimos anos, os preços das casas em Portugal aumentaram de forma desproporcional em relação aos salários, tornando difícil para a maioria da população aceder a uma habitação digna. A deputada do BE também mencionou que, enquanto a sociedade enfrenta uma "crise social" com o regresso de barracas e pessoas a viver em tendas, os cinco maiores bancos do país reportaram lucros de 5 mil milhões de euros no ano passado, e os fundos de investimento imobiliário tiveram uma taxa de retorno média de 35%.
Em resposta a esta emergência social, o Bloco de Esquerda propõe um teto para as rendas, que deverá ser definido com base em critérios como a qualidade do imóvel, a sua localização e outros fatores relevantes. Mortágua enfatizou que cada imóvel deve ter um preço específico e uma renda adequada, refletindo as suas características.
A reação do Partido Social Democrata (PSD) ao programa do PS não se fez esperar. Manuel Castro Almeida, em conferência de imprensa, classificou o programa eleitoral dos socialistas como "insustentável" e "irrelevante", argumentando que não é viável do ponto de vista financeiro e que não contribuirá para a estabilidade económica do país. Castro Almeida comparou o atual secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, a José Sócrates, criticando a falta de maturidade e ponderação nas propostas apresentadas.
A discussão sobre a crise da habitação e as propostas dos partidos políticos intensifica-se à medida que se aproximam as eleições legislativas antecipadas, marcadas para 18 de maio. A população aguarda soluções eficazes que possam realmente fazer a diferença na sua qualidade de vida e no acesso à habitação.
Resumo
Mariana Mortágua, coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), criticou as propostas do Partido Socialista (PS) para a habitação, considerando-as ineficazes para resolver a crise habitacional em Portugal. Durante uma conferência de imprensa em Lisboa, Mortágua afirmou que as medidas do PS, centradas em benefícios fiscais, são "irrelevantes e inúteis" e não abordam as dificuldades imediatas da população. Ela apresentou seis propostas do BE, incluindo a simplificação da lei do arrendamento e um teto para as rendas, visando mitigar a crise. Mortágua alertou para o aumento das desigualdades sociais, com os preços das casas a subirem desproporcionalmente em relação aos salários, enquanto os lucros dos bancos e fundos imobiliários continuam a crescer. A crítica do BE foi acompanhada pela reação do PSD, que considerou o programa do PS "insustentável" e sem viabilidade financeira. A discussão sobre a habitação intensifica-se à medida que se aproximam as eleições legislativas antecipadas, marcadas para 18 de maio.