A depressão Martinho causou danos significativos na Serra de Sintra, resultando na queda de aproximadamente 98 mil árvores e afetando cerca de 280 hectares dos mil hectares sob a gestão da Parques de Sintra. Esta informação foi confirmada por Sofia Cruz, presidente da empresa, que destacou a gravidade da situação em declarações à agência Lusa.
Após uma análise inicial, Cruz explicou que dos 280 hectares afetados, cerca de 89 hectares estão severamente danificados, com árvores caídas umas sobre as outras, o que complicará as operações de limpeza. A Parques de Sintra-Monte da Lua informou que um mapeamento detalhado, realizado com o auxílio de drones, revelou que cerca de 200 hectares da floresta sofreram danos severos, com 93 mil árvores derrubadas. As áreas mais afetadas incluem as matas de Monserrate e de D. Fernando II, onde foram contabilizadas mais cinco mil árvores caídas em 80 hectares.
As condições climáticas que precederam a tempestade foram igualmente desfavoráveis, com a Serra de Sintra a registar níveis elevados de precipitação, que saturaram os solos. Na noite de 19 para 20 de março, a região foi atingida por chuvas intensas e ventos fortes, com rajadas que chegaram a 169 quilómetros por hora no Cabo da Roca. A direção incomum dos ventos, predominantemente do sul, e a morfologia dos vales da serra contribuíram para a magnitude dos estragos.
A combinação de solo saturado e árvores com raízes pouco profundas resultou no derrube massivo das árvores. Cruz sublinhou que a devastação foi exacerbada pela pluviosidade das semanas anteriores à tempestade, que, em conjunto com os ventos fortes, tornaram as raízes instáveis. Além do Parque da Pena, o Castelo dos Mouros e o Convento dos Capuchos também sofreram danos significativos, afetando tanto o arvoredo como as infraestruturas.
As ações de resposta incluem a limpeza urgente das árvores caídas e a estabilização de muros e estradas comprometidos. Neste momento, dois lotes de 89 hectares foram classificados como prioritários e já estão a receber intervenções urgentes. O investimento inicial para estas operações é de 300 mil euros, com a expectativa de que as atividades sejam retomadas em setembro, após o período crítico de incêndios, e concluídas até ao final do ano. A Parques de Sintra planeia um investimento total de 1,2 milhões de euros para a recuperação das áreas afetadas ao longo dos próximos dois anos.
Além disso, a empresa está a desenvolver um plano para mitigar os efeitos erosivos e promover a rearborização, priorizando a plantação de espécies autóctones e a recuperação da cobertura vegetal. A avaliação dos danos ao património construído identificou 12 intervenções urgentes, com um custo estimado de 1,5 milhões de euros.
No terreno, as equipas de limpeza estão a trabalhar para desobstruir estradas e remover as árvores caídas, que se encontram espalhadas como peças de um jogo de "mikado". Apesar da gravidade da situação, até ao momento não foram encontrados vestígios de espécies animais diretamente afetadas pelo mau tempo. Sofia Cruz reiterou que a prioridade da Parques de Sintra é garantir a segurança dos trabalhadores e visitantes, prevendo a reabertura de algumas áreas do Parque da Pena, do Castelo dos Mouros e do Convento dos Capuchos a partir do dia 8.
Resumo
A depressão Martinho causou danos severos na Serra de Sintra, resultando na queda de aproximadamente 98 mil árvores e afetando cerca de 280 hectares. Sofia Cruz, presidente da Parques de Sintra, confirmou que 89 hectares estão gravemente danificados, complicando as operações de limpeza. Um mapeamento com drones revelou que 200 hectares da floresta sofreram danos significativos, especialmente nas matas de Monserrate e D. Fernando II. As condições climáticas, incluindo chuvas intensas e ventos de até 169 km/h, contribuíram para a devastação, exacerbada por solo saturado e raízes instáveis. As ações de resposta incluem a limpeza urgente e a estabilização de infraestruturas, com um investimento inicial de 300 mil euros e um total previsto de 1,2 milhões de euros para recuperação. A Parques de Sintra também planeia um programa de rearborização com espécies autóctones. Apesar da gravidade da situação, não foram encontrados vestígios de fauna afetada, e a reabertura de algumas áreas está prevista para o dia 8.