EUA e UE reforçam parcerias no Corredor do Lobito em Angola

Os EUA e a UE destacam a importância do Corredor do Lobito para a cooperação internacional e o investimento em Angola.

há 7 dias
EUA e UE reforçam parcerias no Corredor do Lobito em Angola

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Resumo

Os Estados Unidos da América (EUA) e a União Europeia (UE) reafirmaram o seu interesse estratégico no Corredor do Lobito, uma infraestrutura ferroviária de 1.300 quilómetros que liga o Porto do Lobito à fronteira com a República Democrática do Congo. O embaixador James Story destacou a importância das parcerias entre os setores público e privado, bem como o financiamento internacional disponível para os projetos. O Corredor visa facilitar o escoamento de minerais críticos da RDC e Zâmbia, com um investimento previsto de quase mil milhões de dólares, parcialmente financiado pela Development Finance Corporation (DFC) e pelo Development Bank of Southern Africa. A UE anunciou um pacote de 600 milhões de euros para a iniciativa Global Gateway. A visita de 17 embaixadores ao Corredor, organizada pela embaixada dos EUA em Luanda, simboliza a colaboração entre as nações e o compromisso com o desenvolvimento sustentável em Angola. A cimeira de negócios EUA-África, que ocorrerá em Luanda, também destaca a relevância crescente de África para os EUA. A embaixadora europeia, Rosário Bento Pais, e o embaixador português, Francisco Alegre Duarte, reforçaram a importância das empresas portuguesas como parceiros fundamentais em Angola.

Os Estados Unidos da América (EUA) e a União Europeia reafirmaram, esta quarta-feira, o seu interesse estratégico no Corredor do Lobito, destacando a robustez das parcerias entre as nações dos dois lados do Atlântico. O embaixador James Story, encarregado de negócios dos EUA em Angola, enfatizou, em declarações à imprensa, que o Corredor simboliza a importância das colaborações entre os setores público e privado, assim como entre diferentes países, sublinhando as fontes de financiamento internacionais disponíveis para os diversos projetos.

O Corredor do Lobito é uma infraestrutura ferroviária que se estende por 1.300 quilómetros, ligando o Porto do Lobito, na costa angolana, à fronteira com a República Democrática do Congo. Este projeto visa facilitar o escoamento da produção de minerais críticos provenientes das regiões do Copperbelt, na RDC, e Kolwezi, na Zâmbia. A operação é gerida pela Lobito Atlantic Railway, um consórcio que inclui a empresa portuguesa Mota-Egil, a suíça Trafigura e a belga Vecturis, e está prevista para receber um investimento de quase mil milhões de dólares, parcialmente financiados pela Development Finance Corporation (DFC) e pelo Development Bank of Southern Africa.

Além disso, o Corredor do Lobito está integrado na iniciativa europeia Global Gateway, com a União Europeia a anunciar um pacote de 600 milhões de euros através da Partnership for Global Infrastructure and Investment (PGII), desenvolvida no âmbito do G7. Nos últimos dias, a embaixada norte-americana em Luanda organizou uma ofensiva diplomática, envolvendo 17 embaixadores europeus e de outras nacionalidades, para uma visita ao Corredor do Lobito, com o objetivo de demonstrar o potencial da infraestrutura e visitar projetos emblemáticos.

James Story afirmou que a visita é um sinal de unidade e colaboração, destacando que "o mais importante é que estamos aqui todos juntos, trabalhando com o povo angolano e com o governo angolano para o desenvolvimento sustentável". Em resposta a questões sobre a suspensão de alguns projetos da agência norte-americana USAID, que estavam associados ao Corredor e focados no apoio a mulheres agricultoras, o embaixador assegurou que os EUA continuam a considerar as comunidades locais, afirmando que os projetos empresariais também oferecem oportunidades.

Quanto aos projetos de financiamento com a DFC e entidades como o Exim Bank, Story garantiu que não estão em risco, explicando que são processos que requerem tempo para concretização. "Temos ouvido dizer que estamos a afastar-nos deste projeto, o que não é verdade. Estamos aqui a demonstrar que temos um compromisso com estes projetos e que vamos continuar a trabalhar com os nossos parceiros", reiterou, acrescentando que o Presidente Trump está interessado em negócios.

A visita também serve como uma antecâmara para a cimeira de negócios EUA-África, que se realizará em Luanda entre 22 e 25 de junho, com a participação de 2.000 empresários e representantes de vários países africanos. O Corredor do Lobito foi uma prioridade da administração anterior de Joe Biden, que visitou a infraestrutura em dezembro passado, afirmando que não havia país mais importante para os EUA em África do que Angola.

Sobre a relevância de África e Angola para a nova administração Trump, James Story destacou que o papel do continente está a crescer, afirmando que "África é um continente em que todos nós temos interesse". A embaixadora europeia, Rosário Bento Pais, também sublinhou que "o Corredor do Lobito é para ficar", pois é de interesse tanto para europeus como para os EUA. Durante uma viagem de comboio com a comitiva diplomática entre Huambo e o Lobito, ela afirmou que os EUA já estão a beneficiar dos minerais transportados pelo Corredor, algo que a União Europeia não está a fazer, apesar do transporte ser realizado por empresas privadas europeias.

"Por isso, não vejo desinteresse dos EUA em algo de que estão a beneficiar, mas se isso acontecer, vamos avaliar e não deixaremos o Corredor do Lobito para trás", garantiu Rosário Bento Pais. O embaixador português Francisco Alegre Duarte, que também faz parte da comitiva, destacou que as empresas portuguesas são "parceiros fundamentais de qualquer investidor estrangeiro em Angola, pelo seu profissionalismo e conhecimento do país", e enfatizou a importância de Angola realizar um "trabalho de sedução" junto dos investidores portugueses, tratando com "um carinho especial" as empresas que já operam no país.