Os Estados Unidos da América (EUA) e a União Europeia reafirmaram, esta quarta-feira, o seu interesse estratégico no Corredor do Lobito, destacando a robustez das parcerias entre as nações dos dois lados do Atlântico. O embaixador James Story, encarregado de negócios dos EUA em Angola, enfatizou, em declarações à imprensa, que o Corredor simboliza a importância das colaborações entre os setores público e privado, assim como entre diferentes países, sublinhando as fontes de financiamento internacionais disponíveis para os diversos projetos.
O Corredor do Lobito é uma infraestrutura ferroviária que se estende por 1.300 quilómetros, ligando o Porto do Lobito, na costa angolana, à fronteira com a República Democrática do Congo. Este projeto visa facilitar o escoamento da produção de minerais críticos provenientes das regiões do Copperbelt, na RDC, e Kolwezi, na Zâmbia. A operação é gerida pela Lobito Atlantic Railway, um consórcio que inclui a empresa portuguesa Mota-Egil, a suíça Trafigura e a belga Vecturis, e está prevista para receber um investimento de quase mil milhões de dólares, parcialmente financiados pela Development Finance Corporation (DFC) e pelo Development Bank of Southern Africa.
Além disso, o Corredor do Lobito está integrado na iniciativa europeia Global Gateway, com a União Europeia a anunciar um pacote de 600 milhões de euros através da Partnership for Global Infrastructure and Investment (PGII), desenvolvida no âmbito do G7. Nos últimos dias, a embaixada norte-americana em Luanda organizou uma ofensiva diplomática, envolvendo 17 embaixadores europeus e de outras nacionalidades, para uma visita ao Corredor do Lobito, com o objetivo de demonstrar o potencial da infraestrutura e visitar projetos emblemáticos.
James Story afirmou que a visita é um sinal de unidade e colaboração, destacando que "o mais importante é que estamos aqui todos juntos, trabalhando com o povo angolano e com o governo angolano para o desenvolvimento sustentável". Em resposta a questões sobre a suspensão de alguns projetos da agência norte-americana USAID, que estavam associados ao Corredor e focados no apoio a mulheres agricultoras, o embaixador assegurou que os EUA continuam a considerar as comunidades locais, afirmando que os projetos empresariais também oferecem oportunidades.
Quanto aos projetos de financiamento com a DFC e entidades como o Exim Bank, Story garantiu que não estão em risco, explicando que são processos que requerem tempo para concretização. "Temos ouvido dizer que estamos a afastar-nos deste projeto, o que não é verdade. Estamos aqui a demonstrar que temos um compromisso com estes projetos e que vamos continuar a trabalhar com os nossos parceiros", reiterou, acrescentando que o Presidente Trump está interessado em negócios.
A visita também serve como uma antecâmara para a cimeira de negócios EUA-África, que se realizará em Luanda entre 22 e 25 de junho, com a participação de 2.000 empresários e representantes de vários países africanos. O Corredor do Lobito foi uma prioridade da administração anterior de Joe Biden, que visitou a infraestrutura em dezembro passado, afirmando que não havia país mais importante para os EUA em África do que Angola.
Sobre a relevância de África e Angola para a nova administração Trump, James Story destacou que o papel do continente está a crescer, afirmando que "África é um continente em que todos nós temos interesse". A embaixadora europeia, Rosário Bento Pais, também sublinhou que "o Corredor do Lobito é para ficar", pois é de interesse tanto para europeus como para os EUA. Durante uma viagem de comboio com a comitiva diplomática entre Huambo e o Lobito, ela afirmou que os EUA já estão a beneficiar dos minerais transportados pelo Corredor, algo que a União Europeia não está a fazer, apesar do transporte ser realizado por empresas privadas europeias.
"Por isso, não vejo desinteresse dos EUA em algo de que estão a beneficiar, mas se isso acontecer, vamos avaliar e não deixaremos o Corredor do Lobito para trás", garantiu Rosário Bento Pais. O embaixador português Francisco Alegre Duarte, que também faz parte da comitiva, destacou que as empresas portuguesas são "parceiros fundamentais de qualquer investidor estrangeiro em Angola, pelo seu profissionalismo e conhecimento do país", e enfatizou a importância de Angola realizar um "trabalho de sedução" junto dos investidores portugueses, tratando com "um carinho especial" as empresas que já operam no país.
Resumo
Os Estados Unidos da América (EUA) e a União Europeia (UE) reafirmaram o seu interesse estratégico no Corredor do Lobito, uma infraestrutura ferroviária de 1.300 quilómetros que liga o Porto do Lobito à fronteira com a República Democrática do Congo. O embaixador James Story destacou a importância das parcerias entre os setores público e privado, bem como o financiamento internacional disponível para os projetos. O Corredor visa facilitar o escoamento de minerais críticos da RDC e Zâmbia, com um investimento previsto de quase mil milhões de dólares, parcialmente financiado pela Development Finance Corporation (DFC) e pelo Development Bank of Southern Africa. A UE anunciou um pacote de 600 milhões de euros para a iniciativa Global Gateway. A visita de 17 embaixadores ao Corredor, organizada pela embaixada dos EUA em Luanda, simboliza a colaboração entre as nações e o compromisso com o desenvolvimento sustentável em Angola. A cimeira de negócios EUA-África, que ocorrerá em Luanda, também destaca a relevância crescente de África para os EUA. A embaixadora europeia, Rosário Bento Pais, e o embaixador português, Francisco Alegre Duarte, reforçaram a importância das empresas portuguesas como parceiros fundamentais em Angola.