A Câmara Municipal de Lisboa realizou, na noite de quarta-feira, uma sessão técnica de esclarecimento sobre o projeto urbanístico de Entrecampos, que tem gerado uma intensa contestação pública devido à proposta de remoção de jacarandás na Avenida 5 de Outubro. O evento, que atraiu mais de quatrocentos cidadãos, foi marcado por um forte descontentamento em relação ao abate das árvores, que muitos consideram essenciais para a paisagem urbana e o ambiente da cidade.
Durante a sessão, a vereadora do Urbanismo, Joana Almeida, reiterou que a autarquia "não pode incumprir" o contrato estabelecido com a Fidelidade Property, responsável pela execução do projeto. Almeida explicou que a reunião tinha como objetivo esclarecer as alterações e melhorias implementadas desde a assinatura do contrato em 2018, que prevê a construção de um parque de estacionamento subterrâneo nos antigos terrenos da Feira Popular. Este projeto, que inclui a construção de 700 habitações de renda acessível e 285 fogos de venda livre, foi aprovado em um contexto de abandono da área há mais de duas décadas.
A vereadora destacou que a sessão não se destinava a debater o futuro da cidade, mas sim a fornecer informações técnicas sobre um projeto já aprovado. No entanto, a insatisfação dos moradores foi evidente, com muitos questionando a necessidade de mais um parque de estacionamento em vez de se investir em alternativas de transporte público. A petição “Não ao abate dos jacarandás da Av. 05 de Outubro”, lançada no Dia da Árvore, já contava com mais de 54.130 assinaturas, refletindo a preocupação da comunidade em preservar o arvoredo.
O diretor municipal de Urbanismo, Paulo Diogo, apresentou o processo que culminou na proposta atual, explicando que a largura da Avenida 5 de Outubro era menor do que o previsto, o que levou à decisão de transplantar algumas das árvores existentes. Segundo a Câmara, dos 75 jacarandás na avenida, 30 serão mantidos, 20 transplantados e 25 abatidos. Em contrapartida, a autarquia promete replantar 39 jacarandás e outras 49 árvores em diversas áreas da cidade, além de financiar a plantação de 200 novos jacarandás como medida compensatória.
A sessão também foi marcada por intervenções de ativistas e moradores que exigiam a preservação das árvores, apontando para a importância do arvoredo na luta contra as alterações climáticas. O MUDA – Movimento de União em Defesa das Árvores, por exemplo, expôs uma faixa que exigia o cumprimento da legislação ambiental e a proteção do espaço verde urbano.
Enquanto a discussão prosseguia, a apresentação do representante da Fidelidade Property foi interrompida por protestos, levando à intervenção da Polícia Municipal. A situação evidencia a crescente tensão entre as autoridades municipais e a população, que se sente cada vez mais mobilizada na defesa do seu património natural e ambiental.
Resumo
A Câmara Municipal de Lisboa organizou uma sessão técnica sobre o projeto urbanístico de Entrecampos, que propõe a remoção de jacarandás na Avenida 5 de Outubro, gerando forte contestação pública. A vereadora do Urbanismo, Joana Almeida, defendeu a necessidade de cumprir o contrato com a Fidelidade Property, responsável pelo projeto, que inclui a construção de um parque de estacionamento subterrâneo e habitação acessível. Apesar da explicação, a insatisfação da população foi evidente, com uma petição contra o abate das árvores já com mais de 54.130 assinaturas. O diretor municipal de Urbanismo, Paulo Diogo, informou que dos 75 jacarandás, 30 serão mantidos, 20 transplantados e 25 abatidos, com a promessa de replantar 39 jacarandás e outras 49 árvores. A sessão foi marcada por protestos de ativistas e moradores, evidenciando a tensão entre as autoridades e a comunidade na defesa do património natural e ambiental.